Monday, August 14, 2006

(sem título)

Escondo-me por entre olhares e sorrisos.
Num mundo que dizem ser belo, interessante e cativante.
Vós que dizeis tal absurdo,
olhai para dentro de mim e
veréis como sou má, cruel e vil.
Esta é a minha natureza.
Escondo-me por detrás de cortinas,
de pele e células.
São elas o meu corpo.
Desejo ser água, árvore e folha.
Transparente, grande e pura.
Desejo ser uma e não duas.
Uma e não três.
Prefirais ser mil?
Eu prefiro ser o primeiro algarismo dele.
Desejo ser luz e não sombra.
Água e não lama.
Mas o escuro enaltece-me
e a luz enfurece-me.
Reparai na capa humana,
e vejais por certo, contentamento.
Observai esta mente magnificente,
e vejais a razão do meu escarnecimento.
Sou duas e não uma.
O adicionamento da bela e da monstra.
Ah, vil pensamento.
Deixai-me ser uma e não duas...
Cão, mas não gato...
Folha, mas não espinho...

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