Sunday, September 03, 2006

Zaratustra agarrou-se à árvore, junto da qual o jovem estava sentado, e falou assim:

"Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos, não o conseguiria.
Mas o vento, que nós não vemos, atormenta-a e verga-a para o lado que quer. É por mãos invisíveis que somos vergados e atormentados da pior maneira
(...)
Porque te assustas com isso? Mas passa-se o mesmo com a árvore. Quanto mais esta quer subir para a altura e a claridade, tanto mais fortemente as suas raízes tendem ir em direcção à terra, para baixo, para as trevas, para a fundura...para o Mal"
(...)
"Disessete a verdade, Zaratustra. Já não confio em mim próprio, desde que aspiro às alturas, e já ninguém confia em mim...Mas como sucede isto?
Transformo-me demasiado depressa: o meu hoje refuta o meu ontem. Salto muitas vezes os degraus, quando subo - e nenhum degrau me perdoa isso."
(...)
"Esta árvore ergue-se, solitária, aqui na serra. Cresceu muito para além de pessoas e animais. E se quisesse falar, não teria ninguem que a compreendesse, de tão alto que cresecu."

Friedrich Nietzsche in Assim Falava Zaratustra


No comments: