Thursday, December 14, 2006
Os seus belos e longos castanhos cabelos estendidos, ainda que alguns lhe tocavam na pálida face.
"Amo-te", disse ele, sussurrando-lhe ao ouvido.
Ela olhou-lhe e sorriu.
Estendeu-lhe a mão, mas foi nesse funesto instante que lhe fugira o sopro vital, roubando-lhe o sentimento e a razão.
Ficara apenas ele agarrado ao seu corpo, esperando que um dia, ela voltasse.
Assim morreu a doce mas, querida Sofia.
Wednesday, December 13, 2006
Tuesday, December 12, 2006
Sunday, October 29, 2006
Sunday, October 08, 2006
The Man I Love
Someday he'll come along, The man I love
And he'll be big and strong, The man I love
And when he comes my way
I'll do my best to make him stay.
He'll look at me and smile, I'll understand
Then in a little while, He'll take my hand
And though it seems absurd
I know we both won't say a word.
Maybe I shall meet him Sunday,
Maybe Monday, maybe not
Still I'm sure to meet him one day
Maybe Tuesday will be my good news day.
He'll build a little home, That's meant for two
From which I'll never roam, Who would, would you
And so all else above
I'm dreaming of the man I love.
Billie Holiday "The Man I Love"
Sunday, September 03, 2006
"Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos, não o conseguiria.
Mas o vento, que nós não vemos, atormenta-a e verga-a para o lado que quer. É por mãos invisíveis que somos vergados e atormentados da pior maneira
(...)
Porque te assustas com isso? Mas passa-se o mesmo com a árvore. Quanto mais esta quer subir para a altura e a claridade, tanto mais fortemente as suas raízes tendem ir em direcção à terra, para baixo, para as trevas, para a fundura...para o Mal"
(...)
"Disessete a verdade, Zaratustra. Já não confio em mim próprio, desde que aspiro às alturas, e já ninguém confia em mim...Mas como sucede isto?
Transformo-me demasiado depressa: o meu hoje refuta o meu ontem. Salto muitas vezes os degraus, quando subo - e nenhum degrau me perdoa isso."
(...)
"Esta árvore ergue-se, solitária, aqui na serra. Cresceu muito para além de pessoas e animais. E se quisesse falar, não teria ninguem que a compreendesse, de tão alto que cresecu."
Friedrich Nietzsche in Assim Falava Zaratustra
Thursday, August 31, 2006
As minhas Asas de Almeida Garrett
Chamar-lhe-ia também: A "fatal" passagem ;)
Aqui está:
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
- Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
- Veio a ambição, coas grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voando ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
- Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi, entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena, me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
Monday, August 14, 2006
(sem título)
Num mundo que dizem ser belo, interessante e cativante.
Vós que dizeis tal absurdo,
olhai para dentro de mim e
veréis como sou má, cruel e vil.
Esta é a minha natureza.
Escondo-me por detrás de cortinas,
de pele e células.
São elas o meu corpo.
Desejo ser água, árvore e folha.
Transparente, grande e pura.
Desejo ser uma e não duas.
Uma e não três.
Prefirais ser mil?
Eu prefiro ser o primeiro algarismo dele.
Desejo ser luz e não sombra.
Água e não lama.
Mas o escuro enaltece-me
e a luz enfurece-me.
Reparai na capa humana,
e vejais por certo, contentamento.
Observai esta mente magnificente,
e vejais a razão do meu escarnecimento.
Sou duas e não uma.
O adicionamento da bela e da monstra.
Ah, vil pensamento.
Deixai-me ser uma e não duas...
Cão, mas não gato...
Folha, mas não espinho...
Wednesday, August 09, 2006
Saber que o que foi não volta.. jamais.
Um presente que nunca teve lugar,
Um passado inconsequente que arrasta um futuro imprudente.
Renascer para tornar o amanhã diferente.
É isto que desejo.
Dizer adeus para nunca mais...
nunca mais recordar o que foi e o que...(por algum motivo)
lá já vai.
Monday, August 07, 2006
Compreendo o que outrora escreveu Bernardo Soares encarnado em Fernando Pessoa
Como te compreendo. Sou quase nunca uma. Existirá algures apenas um? "Somos aquilo que demonstrámos". Como te enganas. Somos aquilo que não demonstrámos. Somos o eu que ninguém conhece. Uma fraude somos. Quero ser árvore, pássaro, peixe, bolota. Rio, mar, sol, chuva. Tudo menos mais do que uma.
(Árvore? Peixe? Bolota? Pássaro? dirigem-se para onde? Para lado algum. Nascer, existir e morrer. O fim pelo qual todos esperam e desesperam. Aceitar , é esse o caminho. Mas que raio de caminho é este? O ponto de partida: um útero. O ponto de chegada: o nada? Vejo uma luz e acabo na escuridão? Saio para atingir o pó? Então será: Nascer para se tornar pó. Mãe!?vou ser pó. Que aleg(o)ria esta de viver... Estou feliz. Vou ser pó.)
(lol)
e nunca te disse nada porque talvez me agrade
não te dizer nada e ter-te assim
como te imagino
minha sem seres minha porque
revejo o meu silêncio no teu
e se é verdade que há ruído sempre que te vejo
sempre que te vejo faz-se silêncio
e eu ouço apenas o vento que varre a cidade
e lava as folhas secas
e acaricia o cimento pesado dos prédios
e então eu vejo nos teus passos a minha busca
e na tua maneira apressada de olhar
a dança frenética do vento
e nos teus olhos aquele fogo escuro
que me faz querer reconstruir o mundo
e acompanhar o vento na sua dança louca
entre o cimento desta cidade
e dizer-te que a tua busca é a minha
e dizer-te que o teu silêncio é o nosso
e que os teus olhos fazem com que me perca
no meio de tudo isto....
(num poema de amor há vento, fogo,silêncios falsos e verdadeiros também,mas não há, nunca, pontuação)
César Adão
Monday, July 31, 2006
delírio constante
Delírio constante.
Ocupas a minha mente como se de um neurónio te tratasses.
Mas tu!
Tu és um desconhecido ser sem uma forma física aparente,
Saturday, July 22, 2006
Em nome do Amor Puro..
Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnam-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica da camaradagem. A paixão que deveria ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas em vez de se apaixonarem de verdade, tornam-se praticamente apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há. Estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores de romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o medo, o desequilíbrio, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
(...)
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Por onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, fachada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo (...) O nosso amor é para nos amar, para levar-nos de repente ao céu, a tempo de ainda apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma conveniência assassina.
(...) É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita(...) O amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito deseperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das maõs. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro...amar e não se ter, querer e não guardar esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste (...) Não se pode ceder, não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira (...) Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Monday, July 17, 2006
Indiferença humana
(ler devagar).
Vejo-te, mas tu não me vês.
Observo-te, mas desconheces o meu ser.
Eu sou sombra...e tu luz.
Incapaz de uma palavra sou.
Coragem? tenho.
Encontro a tua porta e ela desaparece.
A minha entrada...logo se afasta mas logo aparece.
Levanta-se do chão e regressa para te contemplar na esperança de...
se ao menos tu soubesses.
Escrito na companhia dos MONO